Vagas no exterior: O que você precisa saber a respeito!

Dec 23, 2022

Olá, Caro Leitor.

Muito prazer, sou Michel, um apaixonado em como a tecnologia impacta diariamente nossas vidas, otaku de coração, surfista de verão, que usa meia com chinelo no inverno e vendedor por natureza e profissão. 

 A convite da Escola Exchange, terei o prazer de compartilhar um pouco da minha experiência como candidato e contratante em vagas internacionais de empresas estrangeiras no Brasil. Caso eu consiga contribuir com meus cinquenta centavos no crescimento de sua carreira, terei realizado o objetivo de nossa conversa aqui com sucesso. Vou deixar meus contatos ao final da conversa caso queira conversar mais sobre ou compartilhar um insight ou algo que aprendeu aqui :)

Me lembro em fevereiro de 2016 no calor de míseros 30 graus de Joinville vestindo calça jeans e camisa polo. Era estudante de engenharia e meu estágio em uma empresa automobilística da região estava chegando ao fim.

Startups, empresas de tecnologia, famosas BigTechs americanas já eram um sonho de consumo para mim e alguns amigos e eu percebia que aquele mundo industrial não era muito algo que me trazia a emoção, mudanças ou desafios de crescimento exponencial e aprendizados que almejava, então com uma carta de papel da minha atual gerente do meu estágio atestando meus resultados, muito nervosismo e um pouco de sorte, consegui uma entrevista para SDR em uma startup de 5 pessoas em uma importantíssima incubadora de negócios da região.

Já havia passado por inúmeras entrevistas e essa seria uma que eu realmente queria que desse certo. Levei meu caderno com algumas anotações que já sabia da vaga, da empresa e das pessoas que fariam parte da minha entrevista.

Papo vai, papo vem e um dos fundadores me percebeu escrevendo de forma insana com mil e uma anotações em meu caderno e perguntou o que era que eu tanto escrevia nele, falei que eu sabia que não era muito bom de gravar as coisas em conversas, então anotava tudo que achava ser importante para fixar melhor e conseguir discutir sobre em seguida ou posteriormente em outra conversa.

Lá se vão alguns dias de espera e ansiedade a mil e me chamaram para outra conversa. Gostaram muito do meu perfil e trouxeram uma proposta! Sendo que um dos pontos que mais lhes chamou atenção foi eu trazer uma carta de recomendação da minha gerente (prova social), além da minha capacidade de coachability e autoconhecimento das minhas forças e fraquezas em constante evolução - note que aqui não estou falando de enumerar 3 pontos fortes e fracos - para entender consigo mesmo, através de feedbacks requisitados ou dados (encare como um presente e não escute para responder, escute para aprender, sempre) como você pode se aprimorar, como ser humano social, pessoalmente e profissionalmente.

O Coachability, segundo Merriam-Webster, significa ser "capaz de ser facilmente ensinado e treinado para fazer algo melhor” ou também, significa avaliar a opinião de outras pessoas como uma ferramenta valiosa para o desenvolvimento pessoal. É estar disposto a tomar ações e fazer alterações pessoais usando como base os feedbacks recebidos. Contendo principalmente 3 aspectos:

  1. O interesse e vontade de aprender;
  2. A capacidade de procurar, aceitar e integrar feedback sem ser defensivo;
  3. A demonstração de tentativas de buscar novas ações para conseguir melhores resultados.

 

Beleza, mas o que tudo isso, essa historinha de superação, um conjunto de palavras bonitas e um otaku querem me dizer aqui, para ajudar a me dar bem em um processo seletivo de vagas internacionais?

Basicamente, a preparação, seu autoconhecimento e seu coachability é que lhe darão estrutura necessária para garantir uma oportunidade de uma vaga internacional. Não existe receita de bolo, "fórmula de lançamento", "5 passos para…". 

Com as adversidades que pessoas, mercados e empresas têm passado nos últimos anos, nossa sociedade passou por uma necessidade drástica nos modelos de trabalho. Antes você era contratado ou poderia contratar alguém da mesma cidade ou no máximo um estado vizinho, porque contratar um funcionário para trabalho presencial era (e ainda é) um processo extremamente moroso e caro (na maioria dos casos). 

Com a pandemia, empresas precisaram adequar suas políticas de teletrabalho e se mostrou possível ter produtividade e resultados trabalhando 100% em home office, acelerando também os processos de gestão desse trabalho remoto e exigindo algumas soft skills

Todavia, para aproveitar um crescimento de mais de 400% nesse tipo de contratação desde final de 2020 (Revelo) e, com um câmbio favorável, conseguir uma remuneração até quatro vezes superior ao que pode ganhar no Brasil, pode ser preciso ater-se a alguns outros pontos:

Maturidade: mais do que experiência e hard skills, você precisa ter perfil para o home office. Exige adaptação. Entender que provavelmente não terá um contato presencial e, diferentemente do perfil de trabalho no Brasil, em que há uma cultura de desconfiança em algumas empresas e mercados, organizações internacionais (principalmente americanas e europeias) trabalham em uma cultura de trust first. Basicamente assumir que adultos responsáveis são responsáveis;

Inglês fluente: aquele empromation com uma receita de miojo no meio da redação não vai rolar aqui my friendo. Você precisa ter capacidade de se comunicar com seus pares, líderes e liderados por mensagens, e-mails e principalmente videoconferências. Não espere que vão preparar você, mas irão reconhecer sua constante evolução e preocupação em melhorar sua comunicação;

Fuso Horário: se você é do tipo de pessoa 100% adepta do trabalho nine-to-five saiba que talvez isso tenha que ser repensado. Muitas vezes, para trabalhar numa empresa gringa, é preciso adaptar parte de sua rotina em reuniões em horários pouco usuais. Logo, caso a sede for em San Francisco (Califórnia, EUA), uma reunião às 16:00h será às 20:00h no fuso de Brasília (BR). Todavia, caso não esteja em uma posição que exija um certo horário definido (como seria em atendimento ao cliente) você provavelmente precisará criar sua própria rotina, então saber se organizar entre demandas do trabalho e vida pessoal é essencial. Afinal, aqui você é avaliado pelas suas entregas, não pelo ponto batido;

Seja seu próprio chefe: deixando de lado possíveis entendimentos piramidais que essa frase possa lhe lembrar, algumas coisas que as escolas brasileiras não ensinam hoje: educação financeira, como realizar seu imposto de renda e qual a diferença entre ser CLT e PJ. Estes são alguns aprendizados que tenho para a vida e que tomei a decisão de ser "pejotizado" há 3 anos com um total de 0 (zero) arrependimentos. Recomendo a todos ter a experiência de serem funcionários PJ uma vez na vida pelo menos e entenderem na pele o que quero dizer. Existem inúmeros artigos na internet explicando os miúdos da minha incitação, então vou apenas explicar apenas o porquê, não "o que", trazendo uma reflexão sobre o assunto: "O imposto é a arte de pelar o ganso fazendo-o gritar o menos possível e obtendo a maior quantidade de penas." (John Garland Pollar).

Com um salário em uma moeda estrangeira, você precisará declarar estes valores de alguma forma e dificilmente uma empresa gringa (a não ser que já bem estabelecida em terras brasileiras) terá sua contratação CLT, então a melhor forma seria criando o seu próprio CNPJ (MEI, LTDA, etc). Procure um contador de confiança e busque muito na internet sobre o assunto. Acredite, uma boa administração tributária valerá a pena e mudará sua vida, para melhor;

Como será meu salário: Talvez o assunto que mais lhe puxou atenção ao ler este artigo. Possivelmente você não ganhará o mesmo salário que uma pessoa estrangeira que exerce a mesma função, mas será bem remunerado, se comparado a seu par brasileiro. Uma empresa estrangeira que busca um profissional brasileiro busca essencialmente 5 vantagens: redução de custos, um processo seletivo de menor duração, um profissional melhor qualificado, uma relação trabalhista simplificada e uma equipe mais globalizada. 

Tente ajudar seu recrutador a encontrar estes 5 aspectos em seu processo seletivo e acredito que terá mais chances de sucesso. Ah! E provavelmente seu salário será composto de salário base, bônus e equity/stock options (ações da companhia), muito comum em níveis gerenciais e diretoria, principalmente em startups gringas e cada vez mais comum em território nacional. Logo, preste atenção nesses pontos durante a fase final de negociações.

Então Michel, devo começar a me candidatar para vagas internacionais e ver meu salário saltar 3 a 5 vezes em pouco menos de 10 dias? Isso pode ou não acontecer, provavelmente não, mas vou explicar. 

Pessoalmente, levei cerca de 7 meses entre entender que o próximo passo de minha carreira seria uma oportunidade internacional, encontrar uma oportunidade que estivesse dentro de minhas expectativas de crescimento, que encontrasse minhas necessidades de balanceamento de trabalho/vida pessoal, além de, claro, atender meu objetivo salarial. Poderia ter levado menos tempo? Com certeza, mas teria aberto mão de outros pontos essenciais dos quais não quis.

E você, está preparado para um novo passo rumo a uma carreira internacional? Espero que com essas dicas consiga entender um pouco de como funciona o mercado internacional e tomar a melhor decisão que se enquadre no seu estilo de vida.

 

Michel Diamante é Revenue Operations Manager na Daloopa e facilitador no Programa de Liderança e Gestão em Vendas.

Quer se aprofundar mais sobre esse assunto e acelerar sua liderança e operação?

Conheça nossos cursos